Para Guedes, o conhecimento se aplica diretamente às finanças. Ele oferece uma bússola para os investimentos, orientada pelas condições econômicas. Em períodos de juros altos, a recomendação é focar na renda fixa. No entanto, à medida que a inflação é controlada e as taxas de juros caem, o caminho se abre para a renda variável, como a compra de imóveis ou ações de boas empresas.
No entanto, o ex-ministro ressalta um ponto crucial: ninguém deve se aventurar sem assistência especializada. Ele traça uma analogia com a medicina, onde um paciente não pode se autoclinicar. Da mesma forma, no mundo dos investimentos, é vital buscar a orientação de profissionais. Para Guedes, o conhecimento é libertador e traz prosperidade, aumentando a produtividade e o salário, mas somente se for aplicado com sabedoria e apoio técnico.
O Embate entre Ciência e Ideologia na Economia
Um dos pontos centrais da fala de Guedes é a crítica à ideologia, que, em sua visão, pode cegar até mesmo os mais brilhantes intelectuais. Ele usa o caso de Karl Marx como um exemplo de como a ideologia pode levar a conclusões equivocadas. Guedes argumenta que, ao ver a miséria das primeiras cidades industriais da Inglaterra, Marx interpretou o fenômeno como exploração, ignorando que os trabalhadores se moviam do campo para a cidade em busca de uma vida “menos miserável”.
Segundo Guedes, a ciência econômica, diferentemente da ideologia, mostra que o capital não explora o trabalho, mas sim aumenta sua produtividade. Ele exemplifica com a China de Mao Tsé-Tung, que, com pouquíssimo capital, tinha uma produtividade baixíssima e salários miseráveis, resultando em fome e mortes. A história mudou com Deng Xiaoping, que, ao abrir a China para o capital estrangeiro, iniciou um processo de acumulação que tirou bilhões de pessoas da miséria.
A Acumulação de Capital e a Prosperidade das Nações
O economista afirma que a história da humanidade mostra que a acumulação de capital, a industrialização e as inovações tecnológicas foram os motores do crescimento populacional e da prosperidade. Ele contrasta a Europa, um continente em declínio populacional por escolher a “qualidade de vida sobre a quantidade”, com os países asiáticos que, nas últimas décadas, protagonizaram “o maior escape da miséria que a humanidade já executou” por meio do acúmulo de capital.
Guedes critica o que ele chama de “deduções equivocadas” que levam a teorias socialistas que, em sua visão, resultam em miséria, citando exemplos como a Venezuela e Cuba. Para ele, o social-democrata e o liberal-democrata podem coexistir, mas o extremismo de qualquer lado leva ao conflito e prejudica a vida de todos. A ideologia, segundo Guedes, é “uma perda extraordinária” para a ciência.
Lições para o Brasil: Críticas à Gestão Pública
Aplicando sua filosofia ao cenário brasileiro, Paulo Guedes critica os regimes “dirigistas”, que, como o da ditadura militar, focaram em infraestrutura (Petrobras, Eletrobras) mas negligenciaram o capital humano, ou seja, a educação, a saúde e o saneamento. Ele argumenta que, após a redemocratização, o Brasil não conseguiu fazer a transição necessária, optando por manter estatais ineficientes em vez de privatizá-las e usar os recursos para financiar áreas essenciais.
Guedes também aponta o endividamento excessivo como um dos principais problemas econômicos do país. Ele argumenta que o Brasil, por anos, gastou centenas de bilhões de reais apenas com a rolagem da dívida, tornando-se “o paraíso dos financistas” e um “inferno para os empreendedores” devido aos juros altos e ao crédito caro. Para ele, o governo que tenta “salvar” o país com gastos excessivos acaba prejudicando a população, como aconteceu na Argentina e na Venezuela.
O Perigo da Boa Intenção sem Conhecimento
A mensagem final de Guedes é uma defesa veemente do estudo, do diálogo e da aplicação da ciência. Ele usa o exemplo do Imperador Diocleciano, que, ao congelar o preço da cera, fez com que o produto desaparecesse, prejudicando a todos. A mesma lógica, segundo ele, se aplica a políticas modernas, como o congelamento de preços de remédios, que acabam beneficiando apenas os ricos.
Para Guedes, a boa intenção sem o devido conhecimento técnico leva a “fazer muita besteira”. O caminho é ouvir as preocupações sociais e resolvê-las com soluções que sejam tecnicamente corretas, eficientes, sustentáveis e efetivas.
Se a filosofia de Paulo Guedes sobre prosperidade e o papel do capital te interessou, vale a pena aprofundar o debate explorando as ideias de outro nome influente no cenário econômico brasileiro: Luciano Hang. A mentalidade do empreendedor, com seu discurso de simplicidade e humildade, oferece uma perspectiva complementar sobre o sucesso e o empreendedorismo no Brasil.
Confira nosso artigo completo sobre a filosofia por trás do empreendedorismo de Luciano Hang: A Filosofia de Luciano Hang: O Discurso da Simplicidade e Humildade